Não dá mais, definitivamente, não agüento mais. É até estranho, meu coração se põe em angústia, minha alma se contorce dentro de mim e minha boca seca.
O mercado gospel tem apresentado e proporcionado aos ouvintes, diversos tipos e estilos de música, de funk a country tudo se adapta ao estilo gospel de cantar. Eu até tento ser eclético para com esse tipo de música, me esforço pra me colocar no meio da multidão, levantar as mãos, e repetir o cansativo refrão a pedido do líder do grupo de louvor, mas não consigo mais. Pobreza poética, superficialidade de sentimentos, interpretações “soltas” das Escrituras, barulho, gente chorando e fazendo “biquinho” sem sentido algum, cantor que se lança no chão adorando de maneira “extravagante” e músicas de uma estrofe e o refrão (já dizia o João: meras repetições), uma verdadeira sessão de hipnose. Esse é o retrato perfeito dos grupos gospel de nosso famigerado evangelicalismo e confesso, não estou mais disposto a colocá-lo num quadro e pendurá-lo na parede da minha alma.
Mantra gospel já não me faz bem ao coração, me dá dor de cabeça e sinto enjôo.
Em contrapartida, ando encantado, não consigo ficar um dia, sem escutar MPB, escuto Chico, Milton, Djavan, Tom, Vinícius, Lenini, Renato, Elis, Takai, Salmaso; também não passo sem o "meu" Jazz: Chat Baker, Miles Davis, Yamandu Costa, Hamilton de Holanda, Victor Wooten, Elle Fitzgerald – são tantos que é melhor parar por aqui, se não vou acabar escrevendo mil páginas. Na comunidade evangélica existem, ainda que pucos, excelentes artistas envolvidos com a música popular, não consgio ligar o computador e não ouvir Gerson Borges, João Alexandre, Estênio Marcius, Jorge Camargo e Cia.
Diante disso a verdade é que eu não desisti de acreditar que podem surgir na comunidade evangélica bons músicos e músicas excelentes, o problema é que o dom da criatividade está desaparecendo, os corações estão cheios de nada. Quanto mais o tempo passa, maior é o número de cantores e músicos gospel (astros), contudo, de uma maneira contrária e na mesma proporção, diminui o contingente dos excelentes artistas e poetas cristãos.
Enfim, ainda não desisti de acreditar na música cristã, existem, como nos tempos de Elias, remanescentes – pessoas dotadas do dom da criatividade – que produzem bons poemas, textos, músicas, honrando a Deus e sendo “puros” às Escrituras. Enfim, são poucos, mas existem bons artistas (no jeito bom de ser) na comunidade evangélica brasileira e é por elas que ainda não desisi de acreditar. Eu só preciso deixar claro que, o que me deixa esperançoso é que se por acaso essas vozes se calarem, não tenho dúvidas, as pedras cantarão (na verdade elas já clamam e cantam).

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